No dia 25 de outubro de 1979, um pequeno teatro de arena com arquibancadas e capacidade para 250 pessoas, montado em um velho porão na rua Teodoro Sampaio, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, recebeu a estreia da peça É fogo paulista, com direção de Mário Mazetti. Começava alí a história do Lira Paulistana.
Concebido inicialmente para ser apenas um teatro, o Lira, como ficou conhecido, tornou-se também um espaço para a música, o cinema, a literatura, as artes plásticas e o jornalismo. Em pouco tempo, virou o ponto de encontro da Vanguarda Paulista, que nada mais foi que uma explosão simultânea de artistas de enorme criatividade, em um dos mais estimulantes movimentos culturais experimentados pela capital paulista.
Depois de um pouco mais de um ano de existência, o Lira passou a ser Centro de Artes, Gravadora e Editora. Beleléu e a banda Isca de Polícia, de Itamar Assumpção, foi o primeiro disco lançado com o ‘carimbo’ do Lira. As atividades se desdobraram ainda no semanário Lira Paulistana, um jornal de cultura, eventos, lazer e muitos serviços.
A afluência de público provocava grandes filas na porta do teatro. O local ficou pequeno e o Lira Paulistana começou a ocupar outros espaço, como a Praça Benedito Calixto, em frente a sua sede. A Avenida Paulista, a Universidade de São Paulo (USP), o tradicional bairro do ‘Bixiga’, o litoral Paulista e teatros como o Bandeirantes, Tuca, Auditório de Campos de Jordão e muitos outros abrigaram outros tantos eventos promovidos pela turma.
Nomes importantes da cultura nacional, como Itamar Assumpção, Tetê Espíndola, Ná Ozetti, Luiz e Paulo Tati, Suzanna Salles, Cida Moreira, Nelson Ayres, Jorge Mautner, Laura Finochiaro, Paulo Caruso, Passoca, Língua de Trapo, Premê, Rumo, Paranga, Ultraje a Rigor, Titãs, Ratos de Porão, Mercenárias, Paulo Barnabé, Kid Vinil, Lanny Gordin, entre outros, passaram pelo Lira.
Com o país passando por um momento de grande efervescência cultural e política – os anos 80 foram marcados pelo fim da ditadura militar – o Lira Paulistana, durante os seis anos de sua existência (1979 – 1986), foi um espaço de extrema importância para a cultura, não só paulistana, como nacional.