Por Danilo Casaletti
Nome: André Albuquerque Mourão
Idade: 23
Pais: Pedro Mourão e Helena Maria Freire da Mota e Albuquerque
Cantor preferido: dos antigos, Paul McCartney (embora ouvi dizer que ele está new); dos novos, o Zé Leônidas canta muito bem
Cantora preferida: das antigas, Ná Ozzetti (que está com embalagem nova também); das novas, Tulipa Ruiz. Ouvi a Luz Marina outro dia e ela também é fera!
Compositor preferido: Caetano, Gil, Luiz Tatit, Zecarlos, Itamar Assumpção, John Lennon, Paul McCartney. Dos novos, o Martim Bernardes, do Terno, o Galo da Trupe, o Marcelo, da Filarmônica de Pasárgada, entre outros.
Disco de cabeceira: hoje está o Caprichoso, do Grupo Rumo.
Canção que gostaria de ter feito: Bye Bye Brasil, de Chico Buarque
O que te faz seguir na música: O teatro. Brincadeira. A própria música mesmo. E as pessoas que fazem música, os artistas. Quando ouço uma música que alguém fez e que gosto muito, dá vontade de fazer também, como se fosse devolvendo o favor, entende?
A banda O Maquinista ainda não tem CD gravado ou lançado, apenas demos no site Soundcloud. Mas tem quatro integrantes – André Mourão, guitarra e voz; Matheus Marques, bateria; Renato Medeiros, baixo e voz e Tomás Bastos, guitarra e voz – com muita vontade de fazer música. Todos eles são envolvidos em outros projetos e bandas. Todos estão na batalha para fazer a música acontecer, independente do mercado ou de velhas formas – físicas ou não – de expor ou vender um trabalho.
André Mourão sabe bem como essa postura é importante. Filho do cantor e compositor Pedro Mourão, do Grupo Rumo, ele tem em casa o exemplo de como é preciso fugir de qualquer amarra ou conceito pré-estabelecido. O fundamental é fazer, acreditar na sua arte. Afinal, o Rumo, ao lado de Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Língua de Trapo, Premê, e outros grandes artistas, eram parte da chamada Vanguarda Paulista, turma que ensinou para toda uma geração o que é ser artista independente.
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O Maquinista foi uma das bandas convidadas da festa de lançamento do documentário Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista, de Riba de Castro, no dia 14 de novembro, que aconteceu dentro do Festival do Cão. Em bate-papo com o site do Lira, André falou sobre a banda, a influência do pai e dos vários projetos que participa.
Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista – Como surgiu O Maquinista? Qual foi a inspiração para o nome da banda?
André Mourão – O Maquinista surgiu porque estávamos com vontade de montar uma banda pra tocar rock, que era o que gostávamos (e ainda gostamos!). Éramos cinco na época, eu, Renato, Tomás, Matheus e Daniel. Depois, o Daniel saiu, ficamos quatro. Isso foi em 2003. Começamos fazendo aula de Prática de Conjunto lá na escola de música do meu pai (a Domus, que agora tem um novo nome, Sim! Escola de Música) e nosso professor era o Akira Ueno, também do Rumo. O nome veio porque um dia algum de nós estava usando uma boina tipo aquelas de maquinista de trem e alguém disse “Olha! O Maquinista!”. Foi uma noite bem louca.
LPVP – A banda tem influências de diversos gêneros musicais. Como você define o tipo de música que fazem?
André – Olha, eu defino como rock mesmo. Mas sabemos que rock é uma coisa bem ampla, basta olhar Os Mutantes e os Beatles, por exemplo, pra ver que as canções tinham vários estilos diferentes e não dá para dizer que é só rock (se for Only Rocknroll, I like it também).
LPVP – Você acredita que o fato do seu pai ser músico foi decisivo para você seguir a profissão também? Desde que idade você toca e canta?
André – Sem dúvida. Sempre gostei de cantar. Lembro de me apresentar cantando na escola do meu pai, com uns sete anos, acho. E fiz aula com ele, de musicalização, na qual as crianças têm um contato geral com a música, experimentam um pouco de vários instrumentos. Ele é muito bom nisso! Depois, com uns nove ou dez anos, aprendi a tocar violão. E ter uma escola de música a minha disposição, foi muita sorte também, né? Tem bateria lá, então, quando ninguém estava usando, eu ficava tocando até aprender.
Veja apresentação da banda O Maquinista + Pedro Mourão na festa de lançamento do Lira Paulista
LPVP – Seu pai, Pedro Mourão, participou da vanguarda da música, com o Grupo Rumo e outros grandes artistas. Acha que a geração dele foi decisiva e inspiradora para o modo como se produz música atualmente?
André – Com certeza. Eles abriram o caminho da música independente. Coisa que hoje todo mundo faz, mas, na época, era muito mais difícil. Como diz um grande professor meu lá da ECA, o Ivan Vilela, nos anos 80 foi quando o jabá comeu solto nas rádios. As gravadoras monopolizavam demais. E foi bem nessa época que eles escolheram ser independentes! Coitados!
LPVP – Atualmente, um meio muito comum de se lançar um CD é o financiamento coletivo. O Maquinista já pensou ou usou essa modalidade?
André – O Maquinista, na verdade, não tem planos imediatos de lançar CD. Ao mesmo tempo que somos muito próximos e tocamos há bastante tempo juntos, temos outros projetos separados. O Renato Medeiros está começando a trabalhar num disco solo dele (fiquem ligados, vai ser massa!). O Tomás Bastos toca também na Trupe Chá de Boldo. O Matheus Marques é um grande baterista e investe muito em música instrumental brasileira, tocando com muita gente boa por aí. Eu tenho sido baterista de uma banda chamada Pizza Punk, toco num grupo de teatro, O Bando, que já viajou pro México e para o Amapá (o Tomás participa desse também). E tem a Orquestra Junina, um projeto novo, e a banda Sapato Velho, que tenho com meu irmão Rodrigo, que também é músico. Além disso, todos fazem faculdade de música e eu, Tomás e Matheus somos professores também. Enfim, mas já temos algumas composições próprias com O Maquinista, quem sabe algum dia lançamos alguma coisa (além das três demos que temos no Soundcloud). Se isso acontecer, esse meio de financiamento coletivo seria legal.
LPVP – Você acredita que a internet realmente é uma ferramenta eficiente para divulgar uma nova banda ou os meios de comunicação tradicionais ainda são mais importantes e dão maior visibilidade?
André – A internet é ótima pra essas coisas. Corre o risco de você ficar um pouco perdido no meio de tanta informação, mas é muito bom sim! Os meios tradicionais ainda estão aí, claro, mas quanto menos Rede Globo em nossas vidas, melhor.