Semanário do Lira era irreverente, provocador e abarcava diversas manifestações culturais. Sem preconceitos
O Jornal Lira Paulistana foi lançado em outubro de 1981 com uma tiragem de 5 mil exemplares. O semanário teve vida curta: 12 edições, pouco mais de três meses de circulação, e chegou a ter tiragem de 30 mil exemplares. Apesar da brevidade, deixou exemplos.
O jornal tinha um grande time de colaboradores. Apesar dos poucos recursos que tinha para circular, contava com uma equipe de 45 profissionais (16 editores e repórteres, 4 diagramadores, 2 fotógrafos e 7 pessoas para cuidar da publicidade). Entre essa turma, estavam nomes como Paulo Caruso, Caio Fernando Abreu e Apoenan Rodrigues.
Com foco em cultura, lazer e serviços, o semanário divulgava desde festas de forró na zona leste da cidade de São Paulo – distante quilômetros da sede do Lira, em Pinheiros – até comícios de partidos políticos.
A música, a grande vedete do Teatro do Lira, merecia destaque na publicação. E apesar de toda a identificação com o novo, com a chamada Vanguarda Paulista, o jornal não deixava para trás artistas consagrados.
Duas notinhas ‘resgatadas’ pelo site Vanguarda Paulista ilustram bem essa posição. Uma deu destaque ao show que o cantor Peri Ribeiro, que sempre foi ligado ao movimento bossa nova, faria em uma boate em São Paulo.
A outra, com texto assinado por Cláudio Favieri (imagem no topo desta página), resenha o disco que Emilinha Borba e Jorge Goulart, dois nomes da era do rádio, estavam lançando com marchinhas da Carnaval. “Marchinha e aquele tipo de música que todos mundo canta, dança, pula. É um gênero musical que nunca foi de protesto, mas de gozação”, diz o texto, mostrando que o gênero estava esquecido naquela época.
Assim era o Jornal Lira Paulistana. Uma publicação democrática.
Texto: Danilo Casaletti
Acervo: Riba de castro