O Lira Paulistana abriu espaço para que artistas – até então desconhecidos – pudessem mostrar seu talento. Deu certo. Saiba quem começou no palco do Lira
Dos trezentos inscritos no “Boca de Trombone” de São Paulo, em 1983, vinte e oito grupos e artistas ainda inéditos em disco e desconhecidos do grande público foram selecionados. Entre eles, estavam as bandas paulistanas Ultraje a Rigor e Titãs do Iê, Iê (era esse o nome do grupo na época), a cantora e compositora Laura Finocchiaro e o grupo Uavisiliu, de Juiz de Fora, Minas Gerais.
Dois desses participantes, Roger, do Ultraje, e a gaúcha Laura Finocchiaro falam do que foi para eles participarem do projeto:
“O Boca de Trombone foi a primeira oportunidade real que o Ultraje a Rigor teve de mostrar o seu trabalho. Como foi um evento que atraiu a atenção da mídia e do mercado fonográfico, a nossa classificação foi um primeiro passo para acreditarmos mais no nosso trabalho. Foi da nossa apresentação no projeto que surgiu o primeiro contato do Ultraje com uma grande gravadora. Foi uma alavanca, um trampolim para o nosso trabalho.”
Laura Finocchiaro – Um divisor de águas
“A participação no projeto Boca de Trombone foi um divisor de águas em minha vida. No início dos anos 80 – quando passei a compor e a cantar profissionalmente, na fria e longínqua cidade de Porto Alegre – o “hype” do momento era o teatro Lira Paulistana e o movimento da “nova” música brasileira que o teatro abrigava e estimulava. Devido a este grande prestígio, o Boca de Trombone foi um sucesso de público e acabou propiciando uma grande visibilidade para todos os artistas que dele participaram. Foi nos embalos desta nova e boa onda que embarquei definitivamente na trilha artística musical e me estabeleci na cidade de São Paulo. De lá para cá, diversifiquei os modos de fazer e expressar minha música e nunca desisti dela. Com certeza, o movimento artístico gerado pelo Lira Paulistana/Boca de Trombone foi decisivo para a entrada definitiva no cenário da música brasileira do início dos anos 80.”
* Texto extraído da edição especial de 30 anos do jornal Lira Paulistana – dezembro de 2009. Editor responsável: Fernando Alexandre G. da Silva