São Paulo é como o mundo todo, diz Caetano Veloso na letra do rock Vaca Profana, composto na década de 80. Cinzenta, caótica, agressiva, barulhenta. A capital paulista é tudo isso. Mas também é acolhedora, inspiradora, cosmopolita. Foi em meio a esse turbilhão de emoções que nasceram importantes manifestações artísticas e culturais: a Semana de Arte Moderna de 22, os Festivais de MPB, o Tropicalismo, a Vanguarda Paulista, entre outras.
É justamente esse tema que o terceiro extra do documentário Lira Paulistana e a Vanguarda Paulista, de Riba de Castro, aborda. Nomes que passaram pelo Teatro do Lira, entre eles, Luiz Tatit, Paulo Tatit, Gal Oppido, Mario Manga, Laerte Sarrumor, Marcelo Tas, Elias Andreato, Nelson Ayres e Cida Moreira falam sobre essa dualidade. A cidade que agride também é capaz de criar, abrigar e juntar talentos.
“São Paulo não tem passado (…). Parece que ela não está presa a nada. É uma cidade mais propensa a ter futuro do que passado”, opina o músico Luiz Tatit, do Grupo Rumo. A falta de passado a preservar dá a São Paulo essa perspectiva de acontecer coisas inesperadas. E muitas ao mesmo tempo, simultaneamente. Algo que nenhuma outro lugar do Brasil tem”, completa Tatit, afirmando que essa característica pode ser observada na cidade há muito tempo.
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Extra 2: a memória e a influência do Lira
O jornalista Apoenan Rodrigues destaca que a música feita no Lira, na década de 80, só poderia ter acontecido em São Paulo. “Era uma música extremamente urbana. O rock dos Titãs, por exemplo, era completamente diferente do rock do Legião Urbana”, analisa.
Hélio Ziskind, do Rumo, diz que o caminho de São Paulo , mesmo esculpido por mãos pesadas, não foge de sua vocação. “São Paulo é um lugar que vai se construir pela beleza e pela cultura. A identidade da cidade não escapa disso”.